segunda-feira, 28 de abril de 2014

#8 - REQUIEM PELA VELHA AMEIXIEIRA, Manuel Alegre

Crepita a madeira na lareira
crepita a velha ameixieira
seus veios são as minhas próprias veias
vejo arder as ameixas e o verão
crepita aquela que deu sombra e agora dá calor
crepita o melro o verdilhão o rouxinol
e em cada tronco palpita
o próprio sol.
Crepita o sumo que escorria
pelo teu rosto onde o tempo também ardeu
crepita a velha ameixieira
e quem com ela crepita
sou eu.


Águeda, Natal, 2001

Sem comentários:

Enviar um comentário